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quinta-feira, 28 de março de 2024

#Places - O Ramila

 

Uma tentadora imagem de um polvo fresco sendo preparado em uma panela no restaurante O Ramila, em Setúbal. Com sua textura macia e sabor inconfundível, o polvo é um dos pratos mais populares neste estabelecimento conhecido por sua excelência na culinária tradicional portuguesa. Uma verdadeira festa para os amantes de frutos do mar.

Localizado no coração de Setúbal, o restaurante O Ramila é uma viagem à culinária típica portuguesa, Com um ambiente acolhedor e familiar, o restaurante oferece aos seus clientes um cardápio variado, repleto de pratos tradicionais e deliciosos. Setúbal é uma cidade portuguesa conhecida pela sua cultura gastronómica rica e diversificada. Situada junto ao estuário do rio Sado, a região é famosa pelos seus pratos de peixe fresco, marisco e vinhos produzidos localmente. A gastronomia de Setúbal é marcada pela influência atlântica, com sabores intensos e genuínos que refletem a tradição e a história da cidade. Quanto ao O Ramila, encontramos pratos tradicionais e ingredientes frescos da região. 


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O espaço encontra-se no centro da cidade, numa das zonas mais bonitas da nova Setúbal, junto ao rio, numa rua repleta de outros restaurantes e comércio, traduzindo-se numa rua movimentada e cheia de vida. O ambiente do restaurante é acolhedor e charmoso, com uma iluminação suave que proporciona um momento agradável e relaxante para desfrutar duma refeição deliciosa. Na ementa, o grande destaque são os pratos típicos da região, como o choco frito, o bacalhau e diversos peixes na grelha. No entanto, também é possível encontrar opções interessantes de carne, como febras, bifes ou picanha. Pessoalmente, quando num restaurante com peixe fresco, dou prioridade a este tipo de prato. Estando em Setúbal, a escolha recaiu pelo clássico Choco Frito à Ramila, embora para a mesa também tenham vindo umas belas lulas grelhadas. 


Podes ler também a minha experiência na Tostaria do Bairro


Este é um prato que não tem muito como falhar, mas tenho de admitir que já comi melhor, mesmo fora da cidade de Setúbal. Ainda assim, estava saboroso, bem crocante e com uma textura perfeita. As lulas também estavam muito frescas e tenras, mas demasiado carregadas de cebola, ao ponto de não ser fácil descobrir o verdadeiro sabor da lula. A apresentação dos pratos é agradável, mas considero que podia ser melhor, com mais esmero e bom gosto. Para acompanhar os nossos pratos, foram pedidas sangrias tintas e brancas. Pareciam daquelas de pressão, com pouca fruta, embora a branca fosse muito melhor do que a tinta, talvez até por combinar melhor com os pratos que escolhemos para jantar. 


Foto de uma deliciosa travessa de choco frito acompanhada de batata cozida, servida no restaurante O Ramila, em Setúbal. Os pedaços de choco estão crocantes por fora e macios por dentro, acompanhados de batatas perfeitamente cozidas. Uma combinação irresistível de sabores e texturas que certamente irá surpreender e encantar os apreciadores da boa gastronomia local.

Agora, precisamos conversar sobre o atendimento. Os funcionários mostraram-se prestativos, atenciosos e simpáticos, mas percebia-se uma certa confusão no registo dos pedidos e uma demora elevada na chegada da comida à mesa. Depois dos pratos chegarem à mesa, nem sempre foi fácil chamar a atenção do empregado quando precisámos de pedir mais coisas ou esclarecer dúvidas sobre os pratos. Esta foi a primeira vez que visitei este restaurante e, como tal, não sei se é hábito isto acontecer ou se foi derivado a estarmos no mês de Dezembro, época dos jantares de Natal por excelência e de maior fluxo em todos os tascos deste país. Dado que estávamos em pleno Inverno, não foi possível desfrutar da esplanada nem da vista rio, o que poderá ser interessante fazer no Verão e explorar a carta dos petiscos que O Ramila disponibiliza. 


Podes ler ainda a minha experiência no De Pedra e Sal


A minha experiência no restaurante O Ramila não foi inesquecível, mas foi agradável e cumpriu o seu propósito. É verdade que não perderam a oportunidade de deixar uma primeira impressão memorável, mas não posso ignorar a qualidade e frescura dos produtos, a diversidade interessante da carta e a sua localização privilegiada, o que me deixa muita vontade de regressar no Verão para uma nova tentativa e para descobrir outros sabores e propostas. Tenho de ressaltar também outros pontos positivos, como as porções generosas que são servidas, tanto nas doses individuais quanto nas para dividir, e ainda a boa relação qualidade preço. Em suma, posso dizer que esta foi uma experiência positiva, ainda que tenha uma grande margem para ser melhor no futuro. Se procuras conhecer melhor a gastronomia de Setúbal, O Ramila pode ser uma excelente escolha, pela qualidade e sabor dos pratos e pela localização excelente. 


Agora é a tua vez de me contares se já conheces O Ramila e como foi a tua experiência neste restaurante. Qual o prato que recomendas? Que outros restaurantes em Setúbal consideras indispensáveis conhecer? Conta-me tudo nos comentários! 

terça-feira, 26 de março de 2024

#Livros - Frankenstein, de Mary Shelley

 

Capa do livro "Frankenstein" de Mary Shelley, publicado pela Guerra e Paz em 2023. O fundo roxo com raios brancos e uma lua cheia criam uma atmosfera misteriosa e sombria. Na imagem, podemos ver a sombra de uma mão emergindo da terra, evocando a ideia de criação e ressurreição. Uma barra branca no centro da capa destaca o nome do livro e da autora em letras pretas, transmitindo ao leitor a essência do clássico de terror e ficção científica. Uma combinação de elementos visuais que captura a essência sombria e intrigante da obra de Mary Shelley.

Sinopse

Foi no estranho ano de 1816, o ano sem Verão, que a escritora Mary Shelley, depois de um sonho - ou seria um pesadelo? -, deu vida ao terrível monstro de Frankenstein, a primeira obra de ficção científica da história. O livro chegou, em 1818, às livrarias e o mundo nunca mais foi o mesmo... 

Frankenstein ou O Prometeu Moderno, simultaneamente um thriller gótico e um romance filosófico, conta-nos, através das cartas do capitão Robert Walton à sua irmã, a história do estudante Victor Frankenstein que, obcecado com a descoberta do segredo da criação da vida, cria um ser aterrador que acaba por abandonar à sua sorte. Solitário, incompreendido, maltratado e desprezado por todos, a criatura de Frankenstein lança-se numa jornada de busca por humanidade e amor, mas também de vingança contra o seu criador. 

Esta luta entre um monstro e o seu criador, entre o normal e o estranho, entre aquilo que separa o ser humano e a sua criação tem sido longamente tratada pela cultura pop e é, hoje, com as questões em torno da inteligência artificial, mais actual do que nunca. 


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Opinião 

Frankenstein, escrito por Mary Shelley e publicado pela primeira vez em 1818, é considerado um marco na literatura de terror e ficção científica. A autora, que tinha apenas 19 anos na época da publicação do livro, narra a história do cientista Victor Frankenstein, que cria uma criatura grotesca e perturbadora através de experiências científicas. A obra aborda questões como a criação, a responsabilidade do criador sobre a sua criação e os perigos da ciência quando utilizada de forma irresponsável. Mary Shelley, filha dos filósofos William Godwin e Mary Wollstonecraft, era uma escritora visionária que conseguiu criar um clássico da literatura que continua a ser relevante até aos dias de hoje. 


Esta é uma obra que transcende as barreiras do tempo, sobretudo por ser considerada uma das primeiras histórias de ficção científica moderna e por ter influenciado de forma significativa o género literário, inspirando inúmeras obras subsequentes. Com a sua narrativa complexa e a sua reflexão sobre temas universais, Frankenstein permanece como um marco na história da literatura, sendo uma leitura indispensável para quem deseja compreender melhor as angústias e os dilemas da condição humana. A história começa com Victor Frankenstein, um ambicioso estudante de ciências, que cria um ser monstruoso numa experiência macabra. Após dar vida à criatura, Victor horroriza-se com a sua aparência e a abandona, desencadeando uma série de eventos trágicos e violentos. O monstro, sozinho e rejeitado pela sociedade, procura vingança contra o seu criador, resultando numa escalada de terror e desespero para ambos. 


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A história assenta nos dois personagens centrais, criador e criatura, extremamente complexos e intrigantes. O criador, Victor, é jovem, apaixonado pela busca de conhecimento e muito ambicioso. A criatura, por sua vez, é inteligente e sensível, mas é atormentada pela solidão e pelo desprezo da sociedade e até do seu criador. A relação tumultuada entre Victor e a sua criação é o cerne da trama, explorando questões profundas e potenciando todas as desgraças que irão suceder em torno deles. Uma das principais características de Frankenstein é a exploração profunda dos conflitos internos de cada personagem e as suas motivações. Victor, por exemplo, é motivado pela ambição e desejo de se destacar na ciência, o que o leva a criar a sua criatura sem pensar nas consequências dos seus actos. Já a criatura é consumida pela solidão e pela falta de aceitação, o que o leva a procurar vingança contra o seu criador, quando vê toda a sua esperança de felicidade gorada. Através destes conflitos internos são reveladas as complexidades da natureza humana. 


"Nada é mais doloroso para a mente humana do que a calma morta da passividade e a certeza que se segue aos sentimentos desencadeados por uma tempestade de acontecimentos, calma esta que deixa a alma despojada não só da esperança, como do medo." 


Também a estrutura narrativa de Frankenstein é peculiar e intrigante. A história é contada através duma técnica narrativa em camadas, onde o personagem principal, Victor, narra a sua vida e os seus experimentos para um navegador no Ártico, que por sua vez escreve cartas para a sua irmã. Este formato cria uma sensação de distanciamento e fragmentação, contribuindo para a atmosfera sombria e melancólica da obra. Já a escrita de Mary Shelley é marcada por uma linguagem densa e descritiva, que também contribui para essa mesma atmosfera. A autora utiliza um tom introspectivo e filosófico para explorar questões éticas e morais, como a responsabilidade do criador em relação à sua criação. Além disso, Shelley é habilidosa a criar suspense e colocar tensão no enredo, com detalhes vívidos e uma narrativa fragmentada que mantém o leitor envolvido e intrigado até ao desfecho da história. 


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Os temas centrais de Frankenstein são a busca pelo conhecimento, a solidão e a responsabilidade pelos nossos actos e decisões. Assim, a obra revela as consequências desastrosas da ambição desmedida do protagonista, pelo seu desejo de ultrapassar os limites da ciência e criar vida a partir de cadáveres. Ao isolar-se no seu laboratório, Victor depara-se com a solidão e a angústia, embora só seja capaz de refletir sobre as consequências das suas escolhas e decisões quando o mal já estava feito e o monstro criado e vivo. A relação entre criador e criatura também exemplifica a complexidade das relações humanas e a necessidade de assumir as consequências das nossas acções. É por tudo isto que estamos perante uma obra atemporal que nos convida a refletir sobre os limites da ciência, o peso da solidão e a importância da responsabilidade nas nossas vidas. 


"Que estranha é a natureza do conhecimento! Atraca-se à mente assim que a alcança, como uma lapa numa rocha. Por vezes, desejo poder conseguir livrar-me de todo e qualquer pensamento e sentimento, mas aprendi que existe apenas um meio de vencer esta sensação de dor e esse meio é a morte, um estado que receava ainda não compreender."


Publicado há mais de dois séculos, Frankenstein continua a despertar reflexões profundas e inspirar inúmeras outras obras e artistas dentro do arco da ficção científica. A verdade é que este livro continua a promover discussões enriquecedoras sobre as consequências éticas e morais da ciência e da ambição desmedida. A figura do monstro criado por Victor Frankenstein ecoa até aos dias de hoje, tendo sido incorporado na cultura pop, protagonista de filmes e inspiração para tantas outras obras ao longo dos anos. Tendo em conta a minha experiência muito positiva com a leitura deste clássico, só posso recomendar este livro para todos os que apreciam uma leitura que provoca reflexões profundas sobre as fronteiras entre o bem e o mal, a busca pela vida eterna e os perigos da ambição desmedida. Além disso, os amantes de literatura gótica e de ficção científica certamente irão apreciar a escrita envolvente da autora e a atmosfera sombria e angustiante que permeia toda a narrativa. No entanto, se ainda precisas de mais motivos para tirares este livro da tua estante, aconselho o vídeo da incrível Tatiana Feltrin. 


Antes de terminar, preciso referir esta nova edição da Guerra e Paz, que gentilmente me enviaram no âmbito deste lançamento. Sou apaixonada pelo design das capas desta colecção de clássicos, ao ponto de ter vontade comprar até os que já tenho na estante. Acho que prima por um extremo bom gosto e uma qualidade bem acima da média. Depois temos aquele irresistível aroma a livro de verdade que emana de cada página, com um papel de qualidade, uma paginação e uma letra confortável para qualquer leitor, mesmo os que têm problemas de vista, como é o meu caso. Talvez o que aconteça com esta editora é que os seus livros transmitem o amor e dedicação com que são feitos. Neste Frankenstein temos ilustrações escondidas nos capítulos e a introdução e o prefácio escritos pela autora. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre esta obra incrível! Já leste Frankenstein? O que achaste da história e do estilo da autora? Mesmo sem muitas descrições explícitas, conseguiste perceber o peso do terror e da angústia? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 21 de março de 2024

#Séries - 3 Mulheres

 

Três mulheres, Natália Correia, Snu Abecassis e Vera Lagoa, posam juntas no poster da série portuguesa "3 Mulheres". Natália Correia destaca-se ao centro, vestindo um elegante traje azul. À sua esquerda, Snu Abecassis veste um vestido bege e castanho, e à sua direita, Vera Lagoa está com uma saia e casaco vermelho e azul, combinado com uma camisola branca. Juntas, as três protagonistas exalam força e determinação, prometendo um enredo cativante e envolvente na série.

Sinopse

3 Mulheres é uma série de ficção que, a partir das biografias e da intervenção cultural e cívica da escritora Natália Correia, da editora Snu Abecassis e da jornalista Vera Lagoa (pseudónimo de Maria Armanda Falcão), recorda os últimos anos do Estado Novo entre 1961 e 1973, do início da Guerra Colonial à véspera da Revolução de Abriil. 

A vida, a história e os percursos cruzados destas 3 mulheres: Snu Abecassis, Natália Correia e Maria Armanda Falcão. Um exemplo de coragem e compromisso com os tempos futuros de um país e de uma sociedade. 

3 Mulheres de palavra. Fazem revolução. 


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Opinião 

3 Mulheres é uma série portuguesa que retrata a vida de três mulheres emblemáticas da sociedade portuguesa do século XX: Natália Correia, Vera Lagoa e Snu Abecassis. A série aborda a história dessas mulheres que desafiaram os padrões e preconceitos da época, lutando por liberdade, igualdade e independência. Natália Correia, poeta e escritora, foi uma figura importante da cultura portuguesa, conhecida pela sua personalidade forte e pela sua postura subversiva. Vera Lagoa, pseudónimo de Maria Armanda Falcão, editora e ativista política, foi uma pioneira na luta pelos direitos das mulheres e pela liberdade de expressão, antes e depois do 25 de Abril. Snu Abecassis, empresária e fundadora da editora D. Quixote, foi uma mulher que marcou a sociedade portuguesa pela sua atitude empreendedora e independente. Juntas, estas mulheres deixaram um legado de coragem e determinação que continua a inspirar gerações. 


A série é dividida em duas temporadas, em que a primeira se passa nos anos sessenta, anos quentes que antecederam a Revolução dos Cravos, e a segunda acontece no pós 25 de Abril, quando tudo era incerteza e ninguém sabia o que esperar do dia seguinte. É este momento crucial na História de Portugal que divide a série, permitindo conhecer o país reprimido pela Ditadura e ter o contraponto com o que aconteceu depois desse dia, com a conquista de muitas liberdades, mas não todas certamente. A Revolução de Abril foi um movimento militar e civil que resultou na queda do governo de Marcelo Caetano e do Estado Novo e na restauração da democracia em Portugal. Neste contexto de mudanças políticas e sociais, a série acompanha a vida de três mulheres que procuram o seu lugar e a forma de fazer a diferença. 


Podes ler também a minha opinião sobre Santa Evita


Estamos perante um documento histórico extraordinário, mesmo tratando-se duma obra de ficção. Quando vi a série, já tinha assistido ao filme Snu e já tinha terminado a leitura do livro Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro e, por isso, muita coisa já sabia da vida de Snu Abecassis e consegui perceber as liberdades criativas que foram tomadas pelos autores, mas que não perturbam em nada o verdadeiro legado da sua vida, do seu trabalho e da sua história de amor. Quanto a Natália Correia, apenas li o seu romance A Madona, onde se percebe a sua linguagem elaborada muito bem retratada na série pela talentosa e lindíssima Soraia Chaves. No entanto, tirando isso e agora a série, sei muito pouco sobre esta mulher carismática, o que conto resolver em breve depois de ter lido um dos fantásticos presentes de aniversário que foi a biografia da poeta O Dever de Deslumbrar. A que menos conheço é a polémica Vera Lagoa, fundadora de vários jornais, autora de crónicas demolidoras que lhe trouxeram problemas, tanto que até foi vítima dum atentado à bomba. 


Na foto, as personagens Snu Abecassis e Sá Carneiro aparecem juntos ao lado de um carro antigo. Ambos estão elegantes e parecem envolvidos em uma conversa séria e significativa. Snu, uma mulher independente e determinada, e Sá Carneiro, um político carismático e ambicioso, formam um casal controverso e apaixonado na série "3 Mulheres". A cena retrata a intensidade e complexidade do relacionamento entre os dois personagens, bem como o contexto político e social turbulento em que estão inseridos.

Em 3 Mulheres podemos observar a trajetória destas três mulheres que enfrentam inúmeros desafios num contexto conservador e opressivo da sociedade portuguesa dos anos 60 e 70. Depois, temos as consequências da Revolução para cada uma das protagonistas, que foram marcantes e influenciaram significativamente as suas trajetórias depois de 74. Snu continuou ligada à D. Quixote, onde publicava livros que permitiam entender o mundo novo que se abria e informar os seus leitores sobre as questões políticas mais pertinentes para o futuro do país, mas viu o seu casamento esmorecer e acabou por se apaixonar perdidamente por Sá Carneiro, com quem viveu uma relação também ela revolucionária. Formaram um casal disruptivo na sociedade ainda muito conservadora e que prometia construir um país moderno e eficiente, assente nas suas convicções políticas. Infelizmente, nunca saberemos que Portugal teríamos se não tivessem morrido tão cedo. 


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Natália Correia, depois de ter sofrido um processo de censura à sua Antologia Poética e um processo em tribunal que poderia ter culminado com a sua prisão efectiva durante o Estado Novo, tem no seu bar, O Botequim, um antro de liberdade, onde se reúnem figuras importantes desta nova sociedade e onde são discutidas ideias tão diferentes quanto possível. No entanto, não se limita a escrever e promover a discussão. Depois da Revolução, entende que precisa de deixar o seu contributo na vida política e acaba por aceitar concorrer às eleições e torna-se Deputada. Por fim, temos Vera Lagoa, que teve um grande contributo para proteger agentes de Esquerda perseguidos, ligados ao Partido Comunista, mas que não se sente representada por este partido em tempos de democracia, entendendo que, tal como o Fascismo, procuram silenciar os que lhes tecem críticas. No fim, acaba por refugiar-se na Direita e no Jornalismo, onde não tem medo de atacar os poderes instituídos, sejam eles de que quadrante forem. Perde amizades antigas, mas constrói uma fama de mulher forte, destemida e até inconveniente. 



Aqui temos uma ode à Liberdade e ao papel essencial das mulheres para a construção do país que hoje herdamos. Ao longo dos episódios, somos confrontados com as dificuldades enfrentadas por cada uma delas numa sociedade machista e repressora. Através das suas histórias, somos levados a refletir sobre a importância destas mulheres na luta pela igualdade de género e pela liberdade, e como os seus actos de coragem e determinação foram fundamentais para que outras mulheres pudessem desfrutar dos direitos que hoje têm. Aliás, nos dias que correm, 3 Mulheres inspira-nos a continuar a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos, independentemente do género, possam viver livremente e com dignidade. Esta série é mais uma prova da importância de resgatar a nossa História recente e com ela entender melhor o país que temos hoje. 


É uma importante retrospectiva sobre períodos críticos do século XX em Portugal, revelando o quanto a luta cultural foi essencial, seja pelo Jornalismo, pela Literatura e pelo mercado editorial. Foi uma viagem fascinante pela vida de mulheres carismáticas e determinadas como foram Natália Correia, Vera Lagoa e Snu Abecassis, e que nos permite também conhecer outras figuras famosas de várias áreas da sociedade portuguesa e faz um retrato vivo do que foi ser vítima da repressão e também os tumultos após a conquista da tão desejada liberdade. Em 2024, comemoramos cinquenta anos do 25 de Abril e esta série pode muito bem ser uma forma de descobrires mais sobre esta época conturbada e determinante para todos nós, portugueses. Agora, está na hora de deixares o teu comentário abaixo! Já viste esta série? Qual a tua personagem favorita? O que mais te surpreendeu na narrativa? Aceita o desafio e vamos conversar sobre este tema tão interessante e fascinante! 


terça-feira, 19 de março de 2024

#Livros - O Segredo de Espinosa, de José Rodrigues dos Santos

 

A capa do livro "O Segredo de Espinosa" de José Rodrigues dos Santos, publicada pela Planeta Editora em edição de colecionador em capa dura, remete a um pergaminho antigo, trazendo uma atmosfera de mistério e sabedoria. No topo da capa, destaca-se a imagem de Bento de Espinosa, filósofo holandês do século XVII, seguido do título e nome do autor em letras pretas. Um lacre dourado esconde o possível segredo que está prestes a ser revelado ao leitor. A capa intrigante sugere que o livro envolve temas profundos e enigmas a serem desvendados ao longo da leitura.

Sinopse

Amesterdão, 1640. 

Um judeu é excomungado na Sinagoga Portuguesa por questionar as Sagradas Escrituras. Uma criança assiste a tudo. O pequeno Bento de Espinosa é considerado o maior prodígio da comunidade portuguesa de Amesterdão, mas o episódio planta nele a semente da dúvida: E se a Bíblia estiver mesmo errada? A suspeita irá lançar Bento na maior busca intelectual de sempre. Quem realmente escreveu os textos sagrados? Qual é a verdade sobre Deus? O que é afinal a natureza? Mas esta é uma busca proibida e depressa o jovem judeu português descobre que terá de pagar um preço terrível pelas suas perguntas. Os rabinos judeus e os pregadores cristãos perseguem-no e acusam-no do pior dos crimes: Heresia. 

O Segredo de Espinosa é uma aventura extraordinária, onde acompanhamos a vida de Bento de Espinosa, o maior filósofo português, e a sua busca proibida e perigosa por respostas. E se a Bíblia estiver mesmo errada? O que é a natureza? Quem escreveu os textos sagrados? Estas respostas têm um preço elevado. Acusado de heresia, expulso da Sinagoga Portuguesa em Amesterdão, Bento de Espinosa é perseguido até ao fim dos seus dias. 

Novo romance de José Rodrigues dos Santos, o escritor favorito dos portugueses. Inspirando-se na vida de Bento de Espinosa, considerado o maior filósofo português de sempre, e o inventor do mundo moderno. Uma aventura épica em busca de um segredo... 


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Opinião 

José Rodrigues é um famoso jornalista e um controverso escritor, devido aos críticos ao seu estilo literário e aos desconfiados da sua capacidade de escrever tantos e tão volumosos livros anualmente. O que é incontestável é a sua trajetória consolidada na área das comunicações, e os inúmeros livros que publicou que abordam sempre temas variados, desde política, até ciência e História. Com a sua escrita envolvente e repleta de detalhes, o autor tem conquistado os seus leitores ao misturar factos reais com ficção, criando tramas instigantes e cheias de reviravoltas. Também me parece inegável o seu reconhecimento internacional, com os seus livros traduzidos para mais duma dezena de idiomas, alcançando grande sucesso de vendas em vários países. 


O Segredo de Espinosa é o mais recente livro do autor, lançado em 2023, e que consegui comprar, pela primeira vez, na edição de colecionador. A trama mistura elementos de História e Filosofia, transportando o leitor para uma viagem pela vida do filósofo judeu Bento de Espinosa, no século XVII. A importância literária deste livro reside na habilidade do autor em misturar ficção e realidade histórica de forma envolvente, além de abordar de maneira inteligente questões filosóficas e existenciais que continuam a ser relevantes nos dias de hoje. Com uma narrativa fluída e bem construída, a obra encanta e desafia o leitor a refletir sobre temas como liberdade, religião e poder, mostrando algumas das ideias fundadoras do pensamento moderno. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Mulher do Dragão Vermelho


Começo por dizer que sabia muito pouco sobre este filósofo antes desta leitura. Tinha uma vaga noção que existia uma ligação com Portugal, embora nunca a tenha explorado, portanto, estava longe de imaginar de onde ela vinha, pois não é de nascimento que estamos a falar. O judeu Baruch de Espinosa, nasceu em Amesterdão, mas era filho de marranos, judeus que fingiram se converter, que nasceram e viveram em Portugal, até perceber que existia um lugar no mundo onde poderiam ser livres de assumir a sua religião e viver de acordo com ela sem por causa disso serem perseguidos. É assim que o casal de instala nos Países Baixos e os filhos nascem e crescem, sempre em torno da comunidade portuguesa, que engloba os judeus de Portugal e de Espanha, considerados superiores aos restantes. Nessa comunidade, o português é a língua utilizada para falar, o castelhano para escrever, e o holandês é um mistério para uma grande maioria, que tem pouca necessidade de conviver e conversar com os nativos. 


"Entre os yehidim, contudo, a maioria não via contradição nenhuma entre o amor a Portugal e o ódio ao catolicismo. Uma coisa era a pátria, que amavam incondicionalmente e pela qual suspiravam amiúde, outra completamente diferente a maldita Inquisição que os forçara a abandonar a sua terra adorada." 


Tudo começa com um Espinosa integrado na comunidade judaica portuguesa, já revelando o seu brilhantismo intelectual que chama a atenção do rabino e o coloca a estudar, colocado perante dúvidas polémicas que entende serem perigosas, mas que procura perceber e desvendar, ainda que discretamente. Com o seu crescimento, aumenta a sua fome de saber e os seus estudos são cada vez mais profundos e complexos, baseando-se na procura pela verdadeira compreensão das Sagradas Escrituras, deixando para trás os dogmas religiosos. É um caminho perigoso e que o coloca em colisão com os judeus da sua comunidade que acabam por expulsá-lo. Encontra abrigo na casa e na escola do seu professor de Latim, que lhe havia apresentado alguns dos pensadores mais reformistas da época, como Decartes e Hobbes, e que lhe permite continuar o seu caminho enquanto pensador e a construir com bases sólidas as suas teorias, impossíveis de publicar impunemente. 


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É fascinante perceber a compreensão que Espinosa ganhou sobre a ciência, sobre a religião, sobre a natureza e até sobre a essência de Deus. José Rodrigues dos Santos indica que os diálogos do filósofo no livro foram criados a partir do que deixou escrito nos seus livros polémicos, que foi a melhor forma que encontrou para transmitir as suas ideias fundadoras. Com estas reflexões, somos conduzidos por questões relacionadas com ética, liberdade, religião e com a busca pela verdade. Assim, mergulhamos em discussões filosóficas fascinantes, que tornam esta leitura enriquecedora e que permite o entendimento de assuntos complexos e, normalmente, difíceis de entender verdadeiramente. É um livro que explora profundamente a relação entre ciência, religião e ética, considerados os três pilares da existência humana. Sem esquecer os inúmeros elementos históricos que nos permitem compreender a época em que viveu Bento Espinosa, com um retrato do Portugal reprimido pela Inquisição, os Países Baixos abertos ao mundo e à diversidade, mas que acabaram por seguir um caminho de repressão com o regresso dos orangistas ao poder. 


"Se há coisa que os advogados da ignorância compreendem é que o seu poder depende da sua capacidade em dissuadir a turba de conhecer a verdade. Invocam a palavra de Deus para fazer passar as suas próprias ideias e usam a religião para obrigar os outros a pensar como eles, deformando as Escrituras para sustentar as suas teses." 


O livro é marcado por uma linguagem fluída e acessível, que facilita a compreensão das ideias complexas apresentadas ao longo da narrativa, que vão crescendo e evoluindo à medida que o pensamento do protagonista também cresce e evolui. José Rodrigues dos Santos utiliza uma escrita envolvente, repleta de detalhes históricos e filosóficos, que cativa o leitor e o faz mergulhar profundamente na trama. Mais uma vez, o autor demonstra uma incrível capacidade de prender a atenção dos leitores desde as primeiras páginas. A sua habilidade para criar personagens complexos, cenários detalhados e tramas intrincadas faz com que o leitor não consiga largar o livro. Seja qual for o tema, continuo a ler os livros deste autor português porque sei que irei sempre aprender alguma coisa nova, sem sequer dar conta ou que isso seja aborrecido ou entediante. 


Em suma, O Segredo de Espinosa é uma obra envolvente que mistura de forma magistral os elementos da ficção com a História. A narrativa fluída e bem estruturada, aliada à profundidade dos temas abordados, como a liberdade de pensamento e a tolerância religiosa, tornam esta leitura cativante e instigante. Assim, o autor transporta-nos para Amesterdão do século XVII, repleta de intrigas e disputas religiosas, ao mesmo tempo que nos faz refletir sobre questões atemporais. Este é o livro certo para todos que procuram uma leitura interessante e reflexiva, com História e Filosofia à mistura. No fundo, esta é uma história sobre um dos filósofos mais importantes de sempre e que nos leva a refletir sobre os limites da ciência, da religião e do conhecimento humano. Trata-se duma verdadeira viagem intelectual que desafia as convicções e convida à reflexão. 


Já leste o mais recente livro de José Rodrigues dos Santos? Conheces as ideias de Bento de Espinosa? O que achaste das suas conclusões polémicas e revolucionárias? Deixa o teu comentário abaixo para podermos conversar sobre O Segredo de Espinosa! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 14 de março de 2024

#Moda - Óscares 2024

 

Na foto de capa do artigo, a estátua do Óscar e uma claquete de cinema estão em destaque, representando toda a grandiosidade e glamour dos melhores vestidos da passadeira vermelha nos Óscares de 2024. Prepare-se para se encantar com os looks mais deslumbrantes e elegantes que brilharam nesta noite repleta de estrelas do cinema.

Este ano, voltamos para mais uma ronda pelos mais belos vestidos que passaram pela passadeira vermelha da gala dos Óscares de 2024. Depois de ter escolhido os melhores que passaram pelos Globos de Ouro, estava a contar os dias para que chegasse a hora do maior evento mundial de Cinema, mas onde a Moda tem um papel fundamental. Aliás, é algo vital no mundo do entretenimento, logo, não poderia estar ausente da maior celebração desta indústria. Aqui, pretendo destacar os melhores vestidos que passaram por esta passadeira vermelha, desde os modelos clássicos e atemporais até aos mais arrojados e vanguardistas. Prepara-te para te inspirares e te encantares com estas verdadeiras obras-primas da moda! 


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1. America Ferrera


A imagem mostra a atriz America Ferrera deslumbrante na passadeira vermelha dos Óscares de 2024, vestindo um deslumbrante vestido cor-de-rosa de lantejoulas do Atelier Versace. O vestido brilha e destaca a sua beleza natural, enquanto ela posa elegantemente para os fotógrafos. O look de America Ferrera é um dos mais memoráveis da noite, mostrando sua elegância e estilo impecável.

2. Kirsten Dunst


Kirsten Dunst deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um vestido branco deslumbrante da Gucci. O seu look minimalista e elegante chama a atenção de todos os presentes, destacando-se pela sua simplicidade e sofisticação. Um verdadeiro ícone de estilo nesta noite tão especial!

3. Cynthia Erivo


Foto da atriz Cynthia Erivo usando um deslumbrante vestido verde em napa da Louis Vuitton na passadeira vermelha dos Óscares de 2024. O vestido longo e elegante realçou a beleza natural da atriz, combinando perfeitamente com sua presença glamourosa no evento. Um verdadeiro destaque da noite e uma escolha de moda memorável.

4. Jodie Foster


Na imagem, Jodie Foster deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um elegante vestido azul escuro da marca Loewe. O vestido clássico, de corte simples e ajustado ao corpo, destaca-se pela sua sofisticação e pela escolha de um tom de azul que realça a beleza da atriz. A combinação perfeita entre simplicidade e classe, este é sem dúvida um dos melhores looks da noite. Jodie Foster arrasou com este visual!

5. Hailee Steinfeld


A imagem mostra Hailee Steinfeld deslumbrante na passadeira vermelha dos Óscares de 2024. A atriz usa um elegante vestido azul bebé da Elie Saab Alta-Costura, com apontamentos dourados que adicionam um toque de glamour e sofisticação ao seu visual. O design do vestido destaca a silhueta esbelta de Hailee e realça a sua beleza natural, tornando-a uma das mais bem vestidas da noite. Um verdadeiro espetáculo de moda e elegância!

6. Gabrielle Union Wade


Na imagem, Gabrielle Union Wade brilha na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido prateado da renomada designer Carolina Herrera. Com um corte elegante e tecido reluzente, o vestido destaca a beleza e sofisticação da atriz. Complementando o look, Gabrielle ostenta deslumbrantes jóias da Tiffany & Co., acrescentando um toque extra de glamour e luxo à sua presença no evento. Um verdadeiro exemplo de estilo e classe, Gabrielle Union Wade é, sem dúvida, uma das mais bem vestidas da noite.

7. Issa Rae


A imagem mostra Issa Rae a deslumbrar na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido verde azeitona da Ami Paris. O vestido é adornado com deslumbrantes lantejoulas na parte de cima, que refletem a luz de forma deslumbrante, fazendo com que a atriz brilhe como uma verdadeira estrela de Hollywood. O design elegante e requintado do vestido realça a beleza natural de Issa e mostra o seu estilo único e sofisticado. Uma escolha definitivamente digna de estar entre os melhores vestidos da noite.

8. Liza Koshy


Liza Koshy deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido vermelho de alta costura. O modelo de corte elegante e decote profundo realça a silhueta esbelta da estrela, enquadrando perfeitamente seu rosto radiante e sorriso cativante. Combinando sofisticação e modernidade, Liza brilha com um look deslumbrante que certamente será lembrado como um dos melhores da noite.

Fotos Vogue


Chegados ao fim desta galeria de inspiração, podemos concluir que nos ofereceram uma bela variedade de estilos e tendências nos vestidos das celebridades nesta passadeira vermelha. Curiosamente, achei que não houve tantas figuras tristes e, mesmo os vestidos que não me encantaram, não posso considerar que fossem todos horrorosos ou que deixassem mal a artista que os vestiu. Parece-me que regressou algum bom gosto a Hollywood, o que muito me aquece o coração e alivia a alma. Para tristezas já bastam as da vida de todos os dias. Estas ocasiões são para nos fazer sonhar e inspirar. O que achaste das minhas escolhas? Qual foi o teu favorito da noite? Algum que consideraste lindo e que não está aqui? Deixa nos comentários as tuas impressões sobre este evento icónico! 


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